Benfica 2:1 Arsenal (Troféu Eusébio)
Os primeiros dias úteis do mês ainda atingiram o respeito do tempo, depois da descompostura inicial, mas as primeiras horas do fim de semana revelaram novamente o lado lunar da meteorologia, com a chuva a investir sobre o território…
Na 6ª-feira os clubes ficaram a conhecer os adversários europeus para poderem estar presentes nas Ligas continentais, calhando em sorte ao Benfica uma viagem à Holanda para defrontar o Twente…
Mas até esse confronto decisivo, para entrar na grande montra do futebol, outros dois se anteviam, com importância capital, o troféu Eusébio com o colosso Arsenal, e a abertura da Liga em Barcelos com o recém promovido Gil Vicente.
O Sábado, apesar da molhada madrugada foi conseguindo estancar a pluviosidade, valendo-se do calor entranhado na atmosfera, mesmo que o sol pecasse pelas aparições por entre a densa nebulosidade… a aurora testemunhou a partida dos primeiros familiares para a estância de montanha, pequeno recanto nos confins da natureza, a avó acompanhada dos netos mais velhos deixou os dois mais novos sem a sua maternal companhia…
Faltava ainda mais uma mão cheia de trabalho, para nos juntarmos à clã, de tal forma, juntamo-nos aos resistentes familiares da grande cidade, para um último convívio antes das férias, celebrando a amizade, aproveitando o ar e o abandono do subúrbio, levando à mente a necessária tranquilidade, pois que o corpo, depois do treino de bicicleta, teve que se sujeitar às exigências da confraria do caracol, da cerveja e da bifana…
Nada melhor que o convívio familiar em redor da fausta mesa para assistir à partida de futebol no estádio da Luz, contra o poderoso Arsenal… entre tragos e conversas, olhares e cumplicidades, as imagens televisivas, apesar da réplica encarnada começaram por trazer o golo adversário, mas a persistência e a qualidade do plantel, reforçada a equipa com os elementos que mais se tem notabilizado, conseguiram levar a água ao moinho da vitória, com excelentes jogadas e boa dinâmica de ataque…
Com a saída do Cardoso, a frente atacante é mais móvel, o Javi está imenso na zona do meio campo, o CapdeVilla traz mais profundidade e sagacidade ao extremo esquerdo, e mesmo com o Jardel, a jogar com mais personalidade ao lado de qualquer dos centrais de excelência, o Witsel em nível superior e apurado, o Aimar e o Saviola sempre experientes e a mostrar aos recém chegados como é que se deve fazer, dando o exemplo, já sem o peso de serem eles as estrelas da companhia, tudo funcionou com naturalidade e com grande qualidade técnica, sendo a vitória o corolário lógico, daquela noite de bom futebol, com cerca de 40.000 mil espectadores presentes…
É importante ganhar, principalmente contra equipas de estatuto europeu, para nos dar mais moral e tarimba no futuro, para começar a desenvolver uma dinâmica de vitória, contagiar os adeptos para encher os estádios, uma onda de entusiasmo que motive ainda mais os jogadores, de forma consistente e objectiva, para irmos cimentando a ambição de uma época longa de maneira gradual e gloriosa..
Então, a alegria foi ainda mais sublime, em noite de tão exuberante festejo, prolongada pelo serão, com calices e cocktails, empatia e simplicidade, jogos de cartas, expondo a vida à sorte, acreditando que os laços afectivos consigam suportar a infelicidade…
E foi assim, com a alma remexida, tentando readaptar o corpo com as contingências da idade e amarguras do quotidiano que retornamos pela noite dentro ao coração da cidade, circulando pelas artérias principais, de volta ao anonimato e à nossa identidade…
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