terça-feira, 22 de novembro de 2011

E do sonho se fez realidade!

Manchester United 2:2 Benfica

O fim semana entrou apressado pela vida duma família humilde e anónima do centro duma grande cidade; o mundo de braços abertos, no alto da colina, vigiava a sua modesta ambição, envolvidos na comodidade do lar.

Sem a actividade desportiva matinal, foi a instrução católica vespertina que chancelou o Sábado e nada mais de relevante houve para abandonar a clausura do casulo, tecida no vagaroso tempo…

Mas a pressa zangou-se com o tempo e outra semana, resoluta e abalável, chegou com a sua instabilidade climática a este canto ocidental. Fomos descemos o Novembro, cingindo a alma, ora no tempo chuvoso da sociedade empobrecida ora nos olhares raiosos que rasgavam as nuvens e iam renovando a ilusão…

Todavia, 3ª-feira trouxe um amanhecer esplendoroso, nem a chuvada que nos acordou, nem o negrume do céu e os intensos períodos de trovoada ao longo do dia, nos abateram o fulgor, o jogo do Benfica, em Manchester, dava-nos alento para pintar o Outono colorido…

Com o abatimento da escuridão, as névoas foram aclarando o firmamento, e o regresso ligeiro à casa dos sonhos, conviu para estar a tempo e horas em frente do televisor… Desta feita, no quarto dos sonhos, a sala rodava outra película, aguardava pela estreia do jogo dos sonhos, em palco grandioso, por uma boa exibição, que nos desse um apuramento histórico em terras de sua majestade…

Os protagonistas eram os do costume, de volta à ribalta, e a aventura não podia ter melhor começo, com uma jogada estonteante do Benfica, que resultou num golo às três tabelas, depois dum remate do Gaitan…

O ambiente era mesmo deslumbrante, o Manchester tem uma engrenagem de vitórias dificil de contornar, jogadores obstinados em manter a chama diabólica ostentada nas insígnias, mas o Benfica também representa o lume dum clube de valentia, está numa fase boa, numa temporada invencível, e tem atrás dele uma nação ansiosa pela sua afirmação…

Bafejados pela entrada fulminante, que pôs água na fervura caseira, o Benfica continuou animado e veloz, na troca da bola, construindo lances de ataque, mas com o passar do tempo, a rapidez que devia assentar em mais posse de bola, começou a escassear, o compatriota Nani a sobressair, e o domínio e empolgamento do Manchester começou a fazer-se sentir…

Na sequência dum lance de livre, um centro rasgado, encontrou o Berbatov, uma nesga adiantado, e este não desperdiçou o seu instinto goleador. Logo a seguir, foi o Artur a evitar a reviravolta, numa saída decidida aos pés do avançado, ainda antes do intervalo, o Aimar também esteve na cara do guarda-redes, mas o intervalo chegou com o empate.

O jogo estava dinâmico, apesar das poucas intervenções dos guardiões, o Artur ainda teve que se aplicar noutras boas intervenções, de resto era grande a disponibilidade e entrega dos jogadores encarnados, com uma boa circulação de bola e uma atitude afirmativa perante o poderio adversário…

A segunda parte também foi em crescendo para os da casa, o Benfica foi sendo empurrado para a sua grande área, com alguns esboços de ataque; o Witsel era dos mais esclarecidos, serenos e eficazes, tanto em missão defensivas como de ataque, o Bruno estava frenético, mesmo que errasse alguns passes, o Aimar era incansável na sua tarefa de segurar ou lutar pela bola, o Gaitan foi desengantando em velocidade e acerto, o Javi fazia por cumprir o seu ofício de tarefeiro, os laterais iam desempenhando o seu papel mais defensivo, pois o Maxi quase não conseguia respirar com o vulcão Nani, os centrais estava à altura das exigências…

O Rodrigo estava muito discreto na frente, mas era activo na participação do jogo, esperando pela sua oportunidade. O pico do jogo do Manchester foi por altura da hora do jogo, altura em que se veio a dar a lesão do Luisão, e após a entrada do Miguel, com a obtenção da vantagem. Mas, mais uma vez, a sorte que bafeja os audazes, voltou a sorrir-nos, com a marcação do segundo golo, que restabelecia o empate, alguns minutos depois…

O efeito gélido alcançado foi desmoralizando os da casa, houve alguma quebra no ímpeto e o Benfica aproveitou para reforçar a equipa com o Amorim e o Matic, reagrupou as suas tropas, o Witsel assumiu o papel de distribuidor, o Matic veio dar mais folego na batalha do miolo e o Amorim veio ajudar o Maxi, assim mesmo, todos juntos, de mãos dadas, por um, conseguimos segurar o empate, e ganhar vantagem na liderança do grupo.

Já com os oitavos à vista, sem o sufoco de ter de ganhar o ultimo jogo, poderemos evitar alguns colossos europeus, e debruçarmo-nos com mais clareza e objetividade nas provas nacionais, Liga e Taças. No sábado disputamos já, mais uma jogo de alta-voltagem, com um Sporting aguerrido e confiante, mas os nossos propósitos e a nossa ambição tem que passar pela vitória, mesmo sem o velho capitão, pois só vencendo cada batalha podemos alcançar a alegria suprema…

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