sábado, 26 de novembro de 2011

Na bandeira... sobressai o vermelho!

Benfica 1:0 Sporting

Depois da noite diabolica no norte de inglaterra, onde destronámos o líder e fomos eleitos um dos 16 campeões da europa, a semana continuou, já com a turbulência climatérica ao largo a descobrir o escasso tempo de Novembro...

Um tingido de azul refletido no espreguiçar citadino, serpentes  de trânsito, esgueirando o aperto e a repetição...

A meio, mais uma jornada noturna de futebol, ansiando pelo rejuvenscimento mental que vai devorando a velhice e a destreinada harmonia corporal...

5ª-feira foi o caos da greve anunciada, luta de um povo que queria continuar a crescer, mas ao qual só resta aprender com os tombos da sua humilde e dura condição de vida... O português quer sempre contrariar o destino, mas a lusa pátria é pequena e pobre para tanta ambição ou riqueza, somos um povo aventureiro, sonhador, gostamos do infortunio para valorizar o fado, mesmo que teimemos em nos expandir...

Assim mesmo, com o país em andamento lento, pouca ou nenhuma mobilidade (quanto mais TGV ou carruagem da frente!), somos obrigados a reaprender, uns degraus acima, a nossa cruel condição da periferia, com o salgado e enigmático mar pela frente...

Então chegou o final de semana, numa ultima atracagem em porto tranquilo antes do Dezembro redentor… à saida do cais, o sol veio saudar-nos, mesmo que o Sábado tenha começado na oficina, mas o susto foi maior que o tempo e o dinheiro gastos na reparação...
De tal modo, podemos seguir (eu e o primogénito) velozes e felizes até ao Montijo, depois do almoço, para a tarde de basquetebol regional... assim mesmo, com a saúde da viatura e do corpo…

O mais novo tinha trazido uma mensagem da escola de futebol para ir assistir ao jogo com o Rio Ave, então, com a companhia da matriarca, era mais um fim-de-semana de partilha familiar, e o que quer mais um homem neste mundo para se sentir feliz? Ah, a vitória do Benfica...

O regresso a casa foi patrocinado pelo entardecer, contornámos o Tejo pela largas vias com a bola de fogo alaranjada que mergulhava no profundo do ser, e fomos desbravando a escuridão até ao conforto do lar, onde tinhamos a restante família à nossa espera...

O jogo começou com muito empolgamento, o fumo evidenciava o fogo abrasador da paixão, o estádio tinha para cima de 60.000 espetadores, uma ampla audiência agarrava-se à emoção do derby das cores da nação…

Os adeptos leoninos estavam confiantes, mas os da águia tinham razões para elevar bem alto o sonho, insuperáveis na sua firmeza e determinação… O jogo era muito combativo, os jogadores eram de têmpera e qualidade, as jogadas nunca se alongavam em tecnicismo ou perfeição, era antes a entrega e a disputa de bola que iam pautando a partida, aqui e ali iam surgindo alguns lances mais rápidos e vistosos…

O remate do Gaitan ao ferro, foi o mais ameaçador, mas a bola rolava diante das duas balizas com muito dinanismo e intensidade. O Jardel, ao lado do Garay ia fazendo esquecer o patrão, os laterais tinham trabalho extra, o capitão Maxi embarreirava a ligeireza do Capel e teve que puxar pelos galões para abafar qualquer incursão mais perigosa…

O Carriço não estava rotinado naquele lugar, o Aimar ia tendo algum espaço de manobra, com o Witsel sempre na retaguarda, em apoio, mas o terreno estava muito povoado, não havia muito espaço para jogar, os extremos não apareceram com o fulgor habitual, ainda assim foi o Maxi a fazer a expedição mais arrojada, entrando pela área adentro, mas nada houve a relatar de importante…

Até que, nesta toada, bola dividida, parada e resposta, na sequência dum canto, o Javi apareceu derrompante, ao primeiro poste, por entre a muralha de jogadores, fulminando a baliza do Rui, mesmo ao descair do pano para intervalo, para explosão ruidosa dos presentes e dos vibrantes em frente do televisor…

A segunda parte, continuou em escala alta, com o Sporting a arriscar mais um pouco, o Benfica tentava jogar com o resultado, aproveitando as saidas velozes para o ataque, e o Cardozo teve nos pés o segundo golo, mas o Patrício já tem muita experiência e tem o estatuto de seleção. O Sporting em mais uma jogada envolvente também pos à prova os reflexos do Artur (Ice man), e a vantagem foi-se arrastando, com o tempo e a assistência a nosso favor…

Mas eis que o árbitro Capelo, novato e com pouco perfil para esta alta roda, começou a distribuir cartões, sem conseguir impor-se pela sua personalidade, e na lotaria dos amarelos, no nervosismo dos jogadores pela falta de autoridade do juiz, o Cardozo, muito infantil, pois anda a espernear em demasia e a correr de menos, foi expulso e posto do lado de fora, ainda faltava um terço do encontro para jogar…

E o Jesus teve que intervir com propósito e discernimento, tirou o Aimar, o melhor em campo, para entrar o Rodrigo, e a equipa recuou mais um pouco, com o Witsel ao lado do Javi, mas defender e bem já nós estávamos habituados, com a protecção afortunada que sempre acompanha os que não desistem da sua missão…

Mais tarde, para fechar o ferrolho junto às linhas, entrou o Amorim, para o lugar do Gaitan, este também ia dando uma ajuda no interior, e o ataque do Sporting tinha que ser mais por alto, onde as "torres gémeas" de serviço deram o contra apropriado, sempre com o Artur para o que desse e viesse…

Nos ultimos minutos, ainda entrou o exuberante Nolito, talvez merecesse mais tempo para esplanar o seu desconcertante e objetivo futebol, o Rodrigo ainda tentou fazer aquilo que gosta, mas o guarda-redes de Portugal não permitiu e o apito final suou, bem por cima do barulho ensurdecedor, que no final fez de 11º jogador…

E lá vamos nós, nas asas do sonho, voando para o ramo primeiro, mais alto da classificação, à espera do desempenho tripeiro, danados por mostrar quão importantes também o são…

Do lado de lá da travessia semanal, depois de voltarmos ao mar revolto do trabalho, virada a página do ultimo mês do calendário, iremos parar no porto do Funchal, invadir a costa sul da Madeira, para derrubar o Marítimo na Taça de Portugal, afinal a disputa derradeira é próxima da nossa proeminência política, onde todos desejamos reunir, na mata do Jamor…

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