Guimarães 1:4 Benfica
Depois da mão cheia de tudo e de nada, pois permanecemos pegados no alto da classificação, o fim de semana havia de iniciar o ciclo das calorosas e boas festas do final de Dezembro, motivo de convívio para enaltecer o amor da fraternidade...
Para todos os pretextos há uma ocasião: Fim da Escola, do Futebol, da Catequese, a festa do ATL, e a semana do Inverno logo ali à nossa espera com uma manhã gelada, e um intenso frio...
Mesmo que às vezes seja inevitável contornar o stress, imergentes situações de tensão e conflitos laborais, complexas relações humanas e emoções dificeis de gerir e o tanto que eu só queria passar discreto e alegre pela simplicidade da vida...
Mas é tudo isso que nos vai envelhecendo e mortificando, pois, mesmo que consigamos alcançar uma avançada idade, como foi o caso do magnânimo e caridoso Padre Ricardo, que veio a falecer por estes, dias, com toda a sua dimensão humana e social... há-de haver sempre uma hora à nossa espera...
Mas a vida perdura, para lá dos amoques momentâneos ou dos tristes e definitivos abandonos... e todos os anos temos o espírito de Natal para reiventar, para nos transmitir esperança, para nos dar alento e força, mesmo que não seja esse o momento ideal, num renovado Aleluia...
Logo a seguir ao Inverno, na noite maior que veio do espesso nevoeiro, fomos a caminho de Belém para nos aproximarmos da manjedoura e aclamar o Salvador... e o fim de semana chegou com azevinhos e velas acesas, a toalha colorida, a mesa posta, o presépio a cintilar para o grande acontecimento...
E depois das filhoses, da certeza da natividade, da alegria e prendas em família, do frio polvilhado de sol, tinha acontecido mais uma vez o Natal...
E rapidamente voltámos ao frio que se instalou nos becos e lameiros, passando pelos guetos que o sol não chegava a aquecer, lugares sombrios que só a lua tinha permissão para cumprimentar, com um sorriso novo e crescente, cheio de esperanças num emaranhado de dúvidas...
E a semana foi-nos empurrando para o fim do ano, no trabalho e em casa, os preparativos para o ultimo segundo mais comemorado do universo, o da passagem para uma nova fração de tempo, das muitas passagens que é a vida, mas que nos renova a esperança num estouro de champanhe, no som estridente duma tampa ou num grito mais libertador...
Depois viajamos pela longa noite orvalhada, de regresso à quentura e enlevo do leito, anestesiados para um novo começo...
A chuva ainda veio abençoar o primeiro dia, e as nuvens ficaram para o regresso do trabalho e começo do fim das férias escolares...
Depois de multiplas saudações de bom ano envergonhadas, novas datas escritas em catadupa ajudaram a acostumar à mudança...
E os portões das Escola escancararam-se mais uma vez para desbravarem o ano, e o futebol regressava, na noite da cidade da cultura e berço da nação...
A manhã de nevoeiro fazia antever um dia soalheiro, mas as poucas horas de luz não davam muito espaço de manobra para o sol emergir...
Foi nessa amosidade das névoas que atravessámos o tempo e invadimos a casa, extenuados de desafiar a rotina, já com saudades do nosso futebol…
E ao começo do serão, lá estava o encarnado de volta, garrido e vivo, para discutir com o Vitória de Guimarães mais uma partida da Taça da Liga com direito a ampla difusão…
O Benfica alinhava com dois portugueses nos extremos opostos do campo, Eduardo e Nelson, por força das cricunstâncias e pela ingratidão do Amorim… de resto eram os elementos mais destacados, tirando a ausência do Gaitan, entravam Saviola, ficando o Bruno desta feita na sombra do Nolito…
Regressava o Luisão para o esteio da defesa, onde se perfilava o totalista Garay e o restante quarteto composto pelos habituais Maxi e Emerson. Este ultimo pode juntar-se ao rol dos jogadores “não bonitos”, mas vai tentando compensar com o seu abnegado voluntarismo, no centro o Witsel tenta seguir as pisadas do Aimar, com um cunho proprio, e o irriquieto Nolito desconcerta qualquer defesa com o seu geito desgarrado mas objectivo…
O Saviola vai tendo as suas oportunidades para voltar à sua forma, ainda tentou inventar algumas jogadas mirabolantes, mas andava muito recuado e sem a referência acostumada na frente…
O Benfica "vermelhão" entrou com todo o gaz, o Guimarães também não está numa fase muito brilhante, e aproveitou para chegar rapidamente à vantagem, o que veio a acontecer pelo minuto 11, depois dum passe soberbo do Nolito a isolar o Witsel, descaido pela direita, entrou na área, dominou a bola que vinha pelo ar e rematou rente à relva por debaixo do guarda-redes…
O Benfica ia dominando a partida, o Guimarães tentava explorar as jogadas rápidas de contra-ataque, com o seu general Assis no comando das operações, e o capitão Mendes na frente da muralha defensiva, mas o Benfica, apesar de algumas desatenções nas laterais não permitiu grande chances, e quando isso aconteceu o Eduardo mostrou estar à altura da sua dimensão e da do clube que representa…
O começo da 2ª parte, iniciou praticamente com o golo vimaranense, com o João Paulo a aproveitar a marcação dum livre para repor a igualdade, rematando no meio da área para o fundo da baliza… entretanto já tinham entrado o Cardozo e o Bruno para os lugares do Nelson e do Saviola…
Depois do empate o Guimarães quis crescer um pouco e apoderar-se do jogo, discutir a vitória, mas o seu grande bastião defensivo não conseguiu permanecer no relvado, tal foi a exigência no campo de batalhas e a partir da hora de jogo, aos poucos o Benfica foi sobrepondo-se, de forma natural e ostensiva, conseguindo dominar a seu belo prazer…
À passagem do minuto 70 saiu o Aimar para entrar o Rodrigo, mas os golos haviam de surgir antes e depois, por intermédio do Cardozo, o primeiro de belo efeito, à entrada da área descaido para a direita com um remate colocado com o seu melhor pé a levar a bola anichar-se no fundo das redes, rente ao poste esquerdo, apesar da estirada do guardião… e mais tarde com uma forte cabeceada, no coração da área, após um centro de Maxi, a ditar, de forma definitiva a sentença do resultado…
Antes do final ainda houve tempo para desenvolver outras jogadas, mesmo que o Guimarães não arriscasse muito, o espaço ia existindo nas saidas para o ataque, mas apenas o Rodrigo ainda haveria de marcar mais um golo, obtendo o 4º, de cabeça, à boca da baiza, aproveitando uma defesa para o lado, após o cabeceamento do Cardozo…
Foi um jogo bom, penso que o resultado avultado se ajusta à produção do futebol desenvolvido pelo Benfica, pois o Guimarães nunca foi uma equipa muito coesa e organizada ao longo do jogo, muito menos na última terça parte, depois da saida do seu pendulo defensivo…
Nenhum comentário:
Postar um comentário