Benfica 4:1 Nacional
Depois de despacharmos a embarcação para o marítimo Funchal, ficamos à espera de nova frota do território atlântico até ao continente nacional...
A semana, de trabalho e velhice, mil pedaços desfeitos numa vida minga, expostos ao sol empertigado da tarde, começou com a meia folga e o resgate do filho na escola...
O sono foi tecendo manhãs de ilusão, fogosos olhares circunstanciais absorvidos pela treinada repetição, sempre à espera de um acontecimento maior...
O entardecer jaz na arrefecida atmosfera de inverno, velado pelo indiscreto luar, uma bola redonda que repousa nos telhados, brinca às escondidas, no regresso a casa, por entre os altos prédios das ruas mais apertadas...
4ª-feira espalhou uma luz doirada pela soleira das portas, onde saímos pela tarde para outra folga e momentos de lazer... pois chega das lamurias deste povo (a começar pelo presidente), o 1° Ministro também acha que o tempo não é para palhaçadas...
Cai outra noite, gira o firmamento no imenso planetário (visitado pelo pequeno nestes dias), salto entre estrelas até às terras palacianas dos suburbios citadinos, para a futebolada habitual...
E a semana foi abeirando-se do final, o Verão diurno antecedia o acentuado arrefecimento, conclave dum Inverno desafamado, ao qual, uma massa de ar congelado, vindo diretamente da siberia, tentava dar alguma dignidade...
6ª-feira piscava o olho ao fim-de-semana, a geada dos relvados entranhava-se na cara, o metro andava em constantes correrias com os passeios, e o sol, mais uma vez, apareceu para aliviar a nostalgia... Nos jornais pendurados na banca aparecia o Aimar a abraçar o Benfica, com saudades do Marquês, também ele com funções importantes na reconstrução da baixa estima encarnada…
Sábado amarrou os horários à preguiça, esperou que o orvalho acordasse e fez a romaria ao Santuario do Cristo Rei para o treino de futebol... O frio já não se estranha e o corpo vai entranhando a genica e a dedicação...
O miradouro continua belo e panorâmico, com vistas sobre as colinas sumptuosa da capital e os contornos alagados com as águas do Tejo a misturarem-se com o céu...
A tarde foi de culto religioso, com a família maciça, avó incluída, a participar do Terço da Catequese na Igreja de Nossa Senhora…
A noite trazia mais um jogo do glorioso, antes de rumar ao báltico gelado da europa para o combate dos campeões... O Nacional tenta sobreviver com a astúcia do presidente e a moral do treinador, mas para o Benfica não era mais que outra final; com mais alegria que obrigação era preciso manter alta a chama, o entusiasmo do universo encarnado, a motivação para jogar bom futebol...
Estavam cerca de 50000 pessoas à assitir ao espetáculo, os artistas eram os de gala, não jogava o Maxi nem o Javi, de resto a equipa estava na máxima força, com o Witsel a lateral direito e o Matic no miolo, a varrer a defesa, fazendo a ligação ao ataque, com o luxuoso Aimar servia os fulminantes avançados…
O Nacional apareceu destemido, provando que a competição frequente é salutar, afoito a aproveitar o jogo estendido e frenético do Benfica, mas antes do minuto 10, na sequência dum canto, Garay inaugurou o marcador, injetando o antídoto na dinâmica forasteira, catapultando a nossa consistência e qualidade…
O Witsel encostado à linha não imprimia tanta velocidade, faltava-lhe terreno para segurar a bola, mas o ataque ganhava em talento, com o Gaitan a começar a carburar. E pertenceu-lhe a melhor jogada do desafio, a furar a defesa, entrando derrompante na área, sempre em finta, servindo de bandeja o Cardozo, que só teve de encostar para o segundo golo, corria a vintena de minutos.
Do lado oposto, o Nolito parece ter ganho supremacia, coadjuvado pelo Emerson, e muitas foram as oportunidades de golo desperdiçadas pelo espanhol ou que tiveram a sua intervenção…
Do Aimar já nem é preciso falar, tal a sua categoria e influência, pela classe que demonstra em campo, pela entrega ao jogo contagiante, na maneira como trata a bola e a faz girar, com um apurado instinto de genealidade… Rodrigo também está a atingir uma rotatividade e uma confiança arrebatadoras, não só em jogadas individuais como coletivas, imprimindo uma maior criatividade e agilidade no ataque… desse entrosamento em crescendo resultou uma jogada vistosa, com o isolamento do Rodrigo, em frente do guardião, que aproveitou para fazer o terceiro ainda antes do intervalo…
Com a vantagem de dois golos, o árbitro não resistiu a atirar a toalha para o Nacional sair do sufoco, a segunda parte estava completamente em aberto, com a partida de 4ª-feira, podia pensar-se em contenções e poupanças, mas o Benfica não quis abrandar de ritmo…
O Nacional ainda teve dignidade e forças para aparecer com afinco, depois de algumas alterações, o Benfica estava apostado em mais golos, mas apesar das variadas ocasiões, por uma ou outra razão, mais ou menos flagrantes, o resultado acabaria por não se avolumar na mesma proporção, apenas o Rogrigo acabaria por marcar, num excelente golo, só ao nível do calibre e da confiança que ele apresenta…
No cômputo geral, aceita-se o resultado, ficaram contentes os espetadores e todos os simpatizantes com a exibição alcançada, com a consolidação da liderança, a demonstração de poder, nesta fase importante em que vamos abordar mais uma eliminatória, para quebrar o gelo em definitivo e reafirmar a nossa convicção e carácter com vista a alcançar longos voos…
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