Benfica 3:2 Porto
Depois da vitória no areal, voltámos ao alto mar, navegando pelo último fim-de-semana de inverno, com ventos revoltos, submersos em nebulosidade...
Sábado, no cimo da colina, onde o Cristo abria os braços ao tempo, avistavam-se barcos de velas multicores ondulando no Tejo, uma penumbra cobria o territorio sul até à Arrábida... Enquanto o pequenote corria pela relva atrás da bola...
A tarde afastou-nos da rua, de joelhos diante do altar, para rezar o terço comunitário, mais tarde no pavilhão, onde o grandote foi jogar ao cesto, numa esforçada exibição coletiva, saboreada de vitória... finalmente, veio o silêncio do lar, no caloroso anoitecer, de paz e televisão...
Domingo nasceu ainda com laivos sombrios e tímidos espetros de luz, apostámos na viagem até à quinta da natureza, em terras do Conde, para nos alegrar e fugir do ramerrão...
E veio 2ª-feira, de S. José, operário, pai adotivo dum menino salvador, de todos os pais, o meu próprio, envolto de carinho e sentimento, do meu progenitor, todos que se dão ou entregam a cuidar e a fazer crescer uma vida...
À noite fui escutar um dos maiores teólogos : D. Manuel Clemente, que veio à Almada falar sobre a nossa relação com o divino, da vida que só tem sentido se tiver um futuro, e se esse objetivo último for Deus.
Deverá ser Deus a comandar a nossa vida, na medida em que expressarmos esse amor, alcançaremos a nossa dimensão espiritual e física deste mundo. Deus é paz, devemos viver o presente a partir do fim - páscoa, encher a vida de amor!
3ª-feira, era dia de mais um clássico do futebol, os antagonistas tentavam retirar pressão, dizendo que iriam fazer uma gestão do plantel, mas o Porto com Hulk e mais dez é sempre imprevisível... O JJ quis manter secreto os convocados, mas era certo que jogaria o Nelson, o Eduardo e o Capedevilla...
A tarde serena, encheu de azul o horizonte, na rádio ouviam-se as queixas corrosivas dos dirigentes leoninos, gostei de ouvir o P. Henriques falar sobre a falta de comunicação na arbitragem, que os árbitros têm que se afirmar mais pela positiva…
O dia avaçou pela noite, a primavera tinha chegado ao calendario…, depois do jantar calmo, das tarefas domésticas, a televisão preenchia o serão, a noticia da Luz, palco do sonho em 2014, também era o anfiteatro que recebia a meia-final, com bilhete para a final de Coimbra.
O jogo começou, dominado pela emoção, as equipas, dentro das contengências, apostadas em ganhar, o Nelson tinha que se haver lá na frente, com o Aimar a servi-lo, o Nolito e o Bruno não tinham muito espaço nem velocidade para furar as alas, o Witsel era incansável no meio do terreno a segurar e a aguentar o ímpeto forasteiro, com a ajuda mais incisiva do Javi, a retaguarda das torres e as mãos voadoras do Eduardo.
O Porto adiantava-se no terreno, afinal era um só jogo, o Benfica tentava sair a jogar, e num lance envolvente, com Witsel e o Bruno, apareceu o Maxi derrompante (como o do Zenit), a rematar forte e cruzado para o fundo da baliza, do pouco utilizado Bracali. No Porto destinguia-se a força do Hulk , a experiência e luta do Lucho e do João, as subidas avassaladoras do Álvaro, imitado pelo Sapunaru, mas de resto: Defour, Alex, Kleber, mesmo o Mangala, na segunda parte, quase não se davam por eles…
Mas o futebol tem destas coisas, numa super arrancada do Hulk para a área, dá para o Lucho que, num remate transviado encontra nas costas do Javi a tabela ideal para empatar o jogo, escassos minutos depois do festejo encarnado… isto deu ânimo aos visitantes que, por diversas vezes criaram perigo, aproveitando o pressing alto e a apatia da defesa…
Como se não bastasse, na sequência dum canto, apareceu o 2º golo, para delírio dos adeptos tripeiros, mas o Benfica foi recompondo-se, tentando não desmoronar, correndo atrás do prejuízo, e aos poucos foi equilibrando, estando mesmo na iminência de marcar, por três vezes, com um cabeceamento à trave e um remate ao poste por parte do Luisão e outra bola a esbarrar no poste depois dum excelente pontapé livre do Aimar, batido à entrada da área…
A bola parecia não querer entrar, contrariando as leís da física e da sorte, mas eis que, em mais uma cruzada aérea, a bola sobrou para o Javi que assistiu o Nolito, derrompante, com o peito exposto às balas, para atingir o merecido empate…
A segunda parte foi seguindo dividida, o empate não servia ninguém, mas era o Benfica que tinha mais posse e circulação de bola, que funcionava melhor como equipa, apesar de alguns cartões, segundo critérios duvidosos… o Mangala só à terceira é que vê amarelo, o Álvaro e o Sapunaru andaram o jogo inteiro no limite, o Hulk pontapeou uma bola, num lançe em que estava fora de jogo, fotocópia do amarelo que o Emerson viu no anterior jogo com o Porto, mas claro, são arbitros e apreciações diferenciadas…
Entrou o Cardozo e saiu o esforçado Nelson, ainda verde para estas andanças, mais tarde entrou o Gaitan para o lugar do Bruno (algo insatisfeito…, uma vez que não jogava em Olhão poderia ser preterido pelo Nolito) e ainda o regresso do saudozo Saviola para o lugar do Aimar… E numa jogada que principia junto da linha de fundo com o Javi a ganhar a bola, lança um ataque para o Cardozo, que tabela com Gaitan, ficando isolado, disferindo na passada, à entrada da área, um imparável remate para dentro da baliza, provocando uma descarga elétrica de alegria entre os benfiquistas…
Daí até final foi só controlar o jogo, nunca baixamos muito no terreno, criámos, aliás, as melhores oportunidades, o Porto nunca ameaçou seriamente o Eduardo, nem o Janko afuguentou o fantasma do Kleber e do Falcão. Estava consumada a desforra, com o afastamento do Porto da terceira competição da época, a supremacia perante um treinador apagado, de quem a atitude e a entrega dos seus jogadores vai disfarçando a competência…
Nenhum comentário:
Postar um comentário