Olhanense 0:0 Benfica
Depois da noite de Luz, oiro sobre azul, ficou preenchida mais uma data em Abril, com a deslocação a Coimbra...
A 4ª-feira desfolhou outra
página dum novo capítulo da primavera, num clarear cristalino e temperado eis
mais um romance da natureza... com a temperatura a juntar prosa com ilustrações...
Outro dia soalheiro, 5ª-feira
de trânsito na avenida, corolário da greve nos transportes e demais serviços,
quando há tanta coisa para fazer, um país a levantar, os sindicatos afirmam a existência
com manifestação e afronta, quando o tempo exige mais consertação e diálogo em
busca dos proveitos...
À noite, a liga de amigos de
futebol começou a temporada de verão, num relvado exterior, uma aguerrida partida,
com direito a hat-trick… e o regresso apressado, fatigado e feliz, à
margem do lado certo, com o habitual cumprimento ao Cristo luminoso, guardador da
ponte e de sonhos... Antes do sono ainda ouvi na rádio que seria o Gil, o
semi-finalista vencedor, a disputar a Taça contra o Benfica...
Claro que a fantasia também
traz fatalidades ocasionais, na conservação da habitação ou no desgastante da
viatura, mas a resistência da máquina humana, vai regenerando com o sono e com
Deus...
E 6ª-feira nasceu desse encanto
divino, uma paz capaz de atravessar a luz até ao assédio da noite algarvia, mas
antes a escola chamava para a despedida, os alunos que louvavam mais um período de
ferias, enquanto o trabalho nos seduzia para a labuta operária...
A entrada do serão fez-se por
Olhão, cidade formosa, onde o clube local lutava com brio para manter a primeira
categoria, e o Benfica procurava a ascensão primordial na Liga. Jogava a defesa
habitual nos últimos jogos, com o Javi na frente, o Witsel na organização, o
Nolito e o Gaitan nos extremos e a dupla Nelson e Cardozo na frente de ataque…
O Benfica começou a trocar a
bola como é seu apanágio, com firmeza e decisião, a partir da sua retaguarda, a
confiança era visível na disputa e na entrega dos jogadores encarnados, mas o Olhanense
não se desarrumava muito na defensiva, tentando sempre pressionar a bola quando
esta entrava nas imediações do seu meio campo…
O Maxi ligou o
turbo, ajudando o Gaitan pelo corredor direito, o Emerson no seu ritmo mais
desconcertado, não tinha o apoio concertado do Nolito, o povoamento excessivo de
jogadores diante da fortaleza anfitriã, impedia a concretização dos ataque, com troca de bola, espaço, objetividade e eficiência…
Os jogadores da casa atacavam
a bola com afinco, apenas o Witsel conseguia segurar a bola e entrar com ela a
jogar pelo meio dos defesas, pausar o jogo e tomar as melhores decisões em
movimento, de resto, em jogos deste género, como já tem sido habitual, contra
adversários demasiado defensivos, é inutil jogar com dois atacantes demasiado
estáticos, como é principalmente o Cardozo, tem que se tentar a estratégia dum
Saviola, mais sagaz na entrada da área, na sua invasão e obtenção de jogadas…
E o primeiro tempo voo,
parecia já que se tinha adiantado a hora, o Benfica dominava territorial e futebolísticamente, tinha jogado de cabeça levantada, apesar de alguma lentidão,
mas sem que tivesse surgido nenhuma ocasião digna de destaque…
E nestes jogos, quando o
tempo se vai arrastando, o relógio é inimigo da sorte, o adversário, que parece
sempre fazer com o Benfica o jogo da sua vida, começa a acreditar que é possível
não perder, as dificuldades começam a acentuar-se…
Jesus foi apostando com
calma, na entrada do Aimar, tirando o Nolito, e parecia uma aposta acertada, começou a haver mais uma cabeça pensadora e dois pés de magia,
mas num lance disputado ao pontapé, o Aimar de pé esticado (tocou com a
chuteira na perna do Rui), mas o árbitro Capela, não hesitou em julgar a intensidade
e intencionalidade, e mais uma vez, tivemos que jogar com menos um jogador…
Agora que está tanto na moda
falar dos homens do apito, devo dizer que, apesar de não ter havido mais nenhum
lance duvidoso, este árbitro peca pela sua falta de autoridade, é demasiado passivo,
claro que o aprume desta classe profissional não destoa do resto da sociedade,
nem estou a avaliar a seriedade…
O treinador do Olhanense veio
falar no final que se deve defender o futebol português, mas estas equipas, que
ainda querem alargar para mais, apesar das dificuldades financeiras, não
disputam todos os jogo de forma positiva, ficam felizes com o pontinho
amealhado, pobres de espírito, sem valorizar o espetáculo, agarrados à emoção de
não serem derrotados…
O Jorge Jesus mostrou uma
faceta nova, que também sabe delinear estratégias num quadro, sentou-se a
olhar para as peças, retirou umas e colocou outras, assumiu o risco de ganhar, lançou o Rodrigo para o lugar do Witsel e mais tarde fez entrar o Saviola
para o lugar do Emerson. Mas à medida que o tempo escasseava, o discernimento diminuía, o Olhanense tentava aproveitar o espaço, o cobertor faltava mais atrás,
mas o excesso de jogadores encarnados na frente não tirava disso proveito,
quase sempre os jogadores precipitavam o centrar da bola e não chegavam com a
determinação e acerto desejados até à beira da baliza…
Nem as bolas paradas criavam
muito perigo, com as torres Mauricio, de cabeça, e Fabiano, com as mãos, a
travarem as trajetórias. No final, com as pausas e anti-jogo os 7 minutos
foram mais que justificados, e o Benfica, apesar do desacerto, ainda teve nos pés
do Saviola, mesmo nos ultimos segundos, o golo da vitória… mas a bola esbarrou
nos pernões do guardião…
Os jogadores fizeram o seu trabalho, poderiam ter sido mais determinados, velozes e eficazes, o Maxi é o porta-estandarte dessa vontade e união, mas nem sempre podemos contar com a perfeição, com o Chelsea esperamos subir de novo ao céu, com o frenético apoio dos adeptos, o empenho dos jogadores que merecem um prémio pelo esforço e dedicação…
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