A semana foi seguindo
invernosa, ora aguaceiros afogando bermas e aspirações, ora sol dissipando
nuvens e hesitações...
A trovoada meteu-se por
becos e desapareceu na noite, mas quando o gaiato subiu ao relvado voltou num
repentino turbilhão..., nas longínquas alturas um forte nevão...
4ª-feira esburacou de azul
a manhã, mas a tarde trouxe remendos de névoas e chuviscos... e o céu
continuou encoberto, repleto de nuvens, repletas de aguaceiros fracos e
constantes…
6ª-feira resistiu ao diluvio
e clareou devagarinho a manhã, livrou o Cristo do nevoeiro, desembaraçando a
cidade confusa e grande...
A noite foi tecendo o
ultimo fim de semana de Janeiro, levei comigo o rapaz ao futebol... Chuviscos acanhados
testemunharam o litígio da bola, passagem pelo café, antes da ponte grande contornar
o rio e o Cristo luminoso...
Manhã submersa de Sábado
chamou o jogador para o treino no planalto, miratejo desamparado para o pai empresário,
guardador de sonhos... O el dourado desceu sobre
a cidade, trocamos contos e aventuras, almoçamos com a madre, e separamos
irmãos entre doutrina e jogo...
Reencontro familiar no
pavilhão para aplaudir o basquetebolista, gerações ligadas que não chegaram
para evitar derrota penosa, desportivismo...
A entrada do serão paz tinha hora e meia de ansiedade em Braga... Interrompi a espiritualidade para descer à pedreira, café e digestivo para anestiar o nervosismo, picareta em punho na frente do televisor...
O Benfica ia a um bastião
perdido, mesmo assim foram muito audazes e vibrantes os resistentes que se
deslocaram ao estádio...
Gaitan jogava no centro,
elo de ligação com Lima, as pontas estavam muito bem armadilhadas com o Salvio
e o John, escudados por Maxi e Melgarejo, este ultimo soltou-se um pouco mais
na frente, ao contrário de Maxi, aterefado na defesa com o endiabrado Amorim...
À frente da dupla de
centrais os brigadeiros de serviço, Enzo e Matic com trabalho esforçado, uma
vez que o Gaitan ligava o turbo e desligava um pouco a equipa no meio campo...
O Artur era o último do
destacamento, a infantaria começou a avançar no terreno, Gaitan destemido,
Salvio arrojado, John um primor, referência na área não havia, o Lima andava
dentro e fora, o jogo de futebol é como o do gato e do rato, quando alguem se
torna mais forte o outro tem que se defender...
Então o jogo começou com
as alas fechadas atrás, o meio campo compressor e numa jogada rápida pela
direita, o Salvio aparece no coração da área a colocar a bola na baliza, numa
insistência ao primeiro remate devolvido pelo Beto...
Apesar do golo prematuro,
aos 5 minutos, o entusiasmo do Braga não sussurrou, o Benfica balanceado no
ataque ficava á mercê das diagonais do Éder e do Mossoró, das penetrações do
Alan e Amorim, bem apoiados pelo Salino, o Ismaily deu mais nas vistas na
segunda metade...
O Braga num lance rápido
poderia ter aproveitado um isolamento do Mossoró, ia conquistando vários
cantos, lances de bolas paradas que ia levando algum perigo à baliza
encarnada...
Todavia, o balanceamento
caseiro não produzia efeito e foi num lance de puro contra-ataque que Gaitan
assiste de trivela o Lima, este, também à segunda investida remata com a convicção
de primeira, dos goleadores, fazendo o dois a zero, na passagem do minuto 35...
O intervalo nunca mais
chegava, O Benfica tentava acalmar mais o jogo, o Braga dava tudo para o
eletrizar...
Com a segunda metade, mais
cafeína para enfrentar uma longa maratona, a bola começou a rolar com o Benfica
a jogar mais recuado, mas os visitados apenas chegavam à área através de
livres, o Benfica fazia um jogo de sacrifício...
Entretanto, Jesus tira o
John para povoar mais o meio campo com o André Almeida e desloca o Gaitan para
a esquerda, decorria o minuto 67, mais tarde, sai o Gaitan para dar lugar ao
Urreta, um jogador de talento, que tem andado arredado…
Depois de um período em
que o Benfica fazia posse e arrastava a partida, e duma aposta aparentemente
inofensiva, troca do Amorim pelo João Pedro, eis que, antes da última dezena de
minutos para o final, numa desmarcação rápida, o Jardel não chega, o Artur é
ludibriado e o Melgarejo atrasado não evitam o golo bracarense, do recém
entrado, desconhecido...
Mas o Benfica mostrou mais
uma vez carater, não vacilou perante a
galvanização adversária e num lance de ataque, o Lima é pontapeado por trás
obrigando à expulsão do Haas, foi o balde de água fria que o Braga precisava para
não levantar fervura, e o Benfica acalmou o jogo de vez, o Kardec ainda entrou
para consagrar o Lima, e apressar o final, segurando uma preciosa vitória...
Começou assim, da melhor
maneira, a 2ª volta da liga, afastando ainda mais o terceiro e agarrando firme
o topo da classificação para além da moralização que a vitória representa, para
toda a equipa e todos os adeptos…
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