A semana despontou
soturna, os Reis tinham voltado às suas terras, levando consigo os sinais, até
o céu se apresentava cinzento no vagaroso amanhecer...
Mas era preciso
interiorizar as janeiras, enfrentar a rotina, começar a viver o ano, ir às
reuniões de escola para fazer balanço do 1° período, perspetivar o que está
para vir...
Na escola, como na vida,
temos quase sempre a sensação dum copo meio cheio ou vazio, mas a vida requer
um contínuo equilíbrio e disponibilidade para estarmos sempre por cima... Depois da longa caminhada
a acertar conversa, do treino, o cerco nubloso fez mesmo sucumbir a chuva sobre
a cidade já meio adormecida... A manhã de 4ª-feira surgiu molhada, todavia,
alguns rasgos no escurecimento do céu deixavam transparecer embalos de luz...
No jornal do café a tinta
da moda era o verde fado, era dia de taça, o Benfica jogava na luz, na ultima
ronda, ao começo da noite, a passagem às meias finais...
A noite retirou-nos da
identidade pública para um reservado ambiente familiar, com acesso às imagens
de Benfica...
Ao apito do arbitro ainda
não tinha chegado aos camarotes da sala, tive noutras divisões diante dum écran
diminuto, a acompanhar o começo da partida....
O Paulo estava na baliza,
os centrais eram Jardel e Roderick, os laterais Maxi e Luisinho, os extremos
John e Nolito, o Aimar na ajuda ao Lima e a dupla central constituída por Bruno
e o André Gomes....
O Benfica começou com boa
dinâmica, solto, pressionante, na procura do golo, o Aimar muito interveniente
no meio, o John ao seu melhor nível, o André Gomes excelente a manobrar no meio
campo, mas no ataque não conseguíamos criar grandes desequilíbrios - a Académica
também tem boa equipa, disciplinada e experimentada, pela boa prestação
europeia desta época, a finalização não era a ideal...
A entrar nos últimos minutos da primeira parte, surgiu o golo esperado, com o Lima a aparecer sozinho na cara do Peizer, que ludibria e remata para a baliza, colocando o Benfica em vantagem, com um pé na 1/2 final...
A supremacia do jogo era
benfiquista, o Aimar no entanto começou a desaparecer em arte e fulgor, o
Bruno, depois de vários remates para as bancadas, não se conseguia encontrar, o
Nolito também não estava especialmente confiante, o Roderik ainda não estava
completamente enquadrado com o Jardel, mas já se sabe que há diferenças de
qualidade com os titulares centrais...
Antes do apito para o
descanso, num lance no meio campo com o Bruno a inventar, dá a bola curta para
o Jardel e o Makelele aproveita para ficar isolado e repor a igualdade, ficando
tudo em aberto para a segunda parte...
O reatamento não podia
começar pior com uma jogada similar à do primeiro golo encarnado, o Benfica
muito subido deixa o Saleiro escapar e entrar na área, onde bate o Paulo pela
segunda vez, pondo os estudantes em vantagem no grupo...
A Briosa pôs-se então
unida, com um aproveitamento daqueles, dois golos em três remates, ate ao final
do jogo, estrategicamente só tinham que manter aquela atitude e concentração...
O Jesus deu então sinais
de inquietação e fez soar o alarme no banco, chamou o Kardec e o Carlos e
mandou sair o Bruno e o Aimar, por volta do minuto 57...
O Lima, soberbo, vinha
quase ao meio campo recuperar e participar das jogadas de ataque, precisava
todavia de mais um jogador de área que perturbasse a defesa contraria e foi o
que aconteceu, logo aos 61 com o Kardec a responder oportunamente a um centro
do John, aparecendo derrompante a cabecear para o fundo das redes restituindo o
empate...
O suspense estava a começar
a desvanecer, mas pelo sim pelo não, entrou o peso pesado Salvio para o lugar
de Nolito, e realmente a sensação da partida era que o Benfica tinha o jogo controlado,
dai as opiniões mais inclinadas dos comentadores, todavia quase sempre a equipa
mais forte acaba por impor a sua lei e foi o que veio a acontecer, ao minuto 66
foi a vez do Lima, numa tabela com o Kardec entrar na área e com grande classe,
rematar para a vitória, consumando a reviravolta no marcador…
Pensava-se que até ao
final, a tantos minutos do final ainda pudesse acontecer mais golos, o Lima bem
se esforçou para alcançar o terceiro, o Salvio deu água pela barba ao setor
esquerdo da Académica, com o Maxi a completar o massacre, o John esteve
soberbo, o Kardec fez pela vida, mas os minutos foram passando, avolumando a
estatística e não o resultado…
Cumpriu-se a tradição,
estamos por mérito próprio nas meias-finais da Taça da Liga, que iremos
disputar ao minho, com o Braga. Na próxima semana disputaremos em Coimbra o
acesso às meias da Taça de Portugal…
Mas o próximo jogo é já o
escaldante clássico, com o Benfica a receber o Porto, em disputa da liderança.
Uma vez que até aqui estamos empatados aos pontos (apesar de algum ascendente
no fulgor do futebol do Benfica), não se espera nenhuma vitória por ko, nem
será um desfecho decisivo, tão somente importante para renovar a moral para a segunda metade da temporada…
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