A semana prosseguiu pelo território atlântico, nuvens em manobras, sol tímido e arrojado nas trincheiras...
3ª-feira, destroços cinzentos em redor realçavam o oiro do nascente, os miúdos saltavam na escola, os pais aprisionados na vida...
No jornal do café, o fanático Sousa Tavares acicatava o meu fanatismo, elogiava o Vítor, aplaudia a sua postura e o banho tático ao Jesus, e outras banalidades de quem herdou o sentimento de vitimização, por querer ser melhor, a todos os níveis, e mesmo já o sendo, estatisticamente, como dizem, permanecem complexados, enfim, temos que seguir humildes e decididos atrás deste campeonato...
A noite chegou resfriada, os gaiatos foram treinar xutos e lançamentos, encher a vida de bolas, antes do quente serão...
4ª-feira, o aperto foi maior, a nubelosa rebentou num pranto, com maior incidência a partir da tarde, e no encanto do lar, noturno, ainda se fez ouvir o seu canto a embalar o sono...
5ª-feira, o tempo impenetrável e húmido colou o cenário para a rodagem citadina da vida, todos ansiamos por uma nesga de sol ou pelo jogo da noite, em Coimbra, onde o Benfica ia fazer o exame de admissão às meias finais da Taça de Portugal...
O dia entrou pela noite, o serão engoliu as trevas e o jogo prestes a começar, quando entrei pelo portal do café já os olhares se plasmavam na televisão pendurada na parede, viajavam pelas vibrantes imagens em comunhão…
O Jesus está a apostar sério nesta competição, fez apenas algumas alterações, o André no lugar do Maxi, o John em vez do Gaitan, o Luisão substituiu o Garay, de resto os mesmos guerreiros da ultima batalha, o Enzo e Matic na frente de combate, a dupla goleadora na frente, com Lima e Cardozo, o Artur na retaguarda, o Melgarejo e o Salvio…
Poucos minutos depois, consequência dessa abordagem empenhada, num remate à entrada da área, o Ola John fez um grande golo, com a bola colocada em força junto ao poste. Antes do minuto 10, eis mais um golo, com o oportuno Lima, nas imediações da pequena área, a responder a uma assistência do Matic, que junto à linha, colocou a bola à mercê do fuzileiro…
Tudo corria bem, todos os jogos têm uma história diferente, este que em teoria seria difícil, com o detentor do título a jogar em sua casa, estava a escrever-se com um princípio feliz, tudo apontava para uma partida descansada com vista ao grande objetivo, ida ao Jamor…
A Académica tentava entrar na eliminatória, arriscava mais, dava mais espaço no seu meio campo, mas o Matic e o Enzo chegavam para as encomendas, os alas eram lanças espetadas na organização defensiva, os dianteiros esperavam pelo momento certo para atacar e num lance rápido, o Lima aparece isolado, descaído para a direita, entrou na área e fez um chapelaço ao Peiser, ainda antes do meia hora, colocando Benfica praticamente na meia-final…
Até ao intervalo ainda poderia ter havido mais um golo ou dois, o Cardozo, o Salvio, mas prevaleceu o 3-0. Na segunda metade, resolvi abandonar a assistência e regressar a casa, era quase certa a vitória, vim cumprir o ritual da dormida dos filhos. Antes do embalo da madrugada ainda fui ver a parte final do jogo no computador, a tempo de ver o 4 golo do Salvio, pelo minuto 71, já tinham entrado o Gaitan e o Carlos para o lugar do John e do Cardozo, mais tarde o Jesus deu mais uma oportunidade ao Kardec que foi render o Lima, mas desta feita não logrou marcar...
O encontro não teve mais golos, apesar do pendor encarnado, e pode-se dizer que, segundo a opinião do Pedro Emanuel, o jogo acabou por não ter história nenhuma, com um fim pouco condizente para a equipa campeã do troféu.
O Benfica perfila-se agora como candidato a ganhar esta prova, tendo que trabalhar para eliminar o Passos, em dois jogos, aspiração legítima para poder chegar à final, no mítico palco do Jamor.
2ª-feira, volta a Liga, voltamos ao campo difícil do Moreirense, mesmo em situação difícil na classificação, precisamos de abordar o jogo com o mesmo afinco e humildade para podermos terminar a primeira volta no topo da classificação…
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