
No interregno da Liga peregrinámos à terra santa, mas foi só às portas do oriente que mendigamos alguns pontos para a viagem a Vera-Cruz...
Voltámos ao cantinho ocidental, à beirinha do oceano, de cintura apertada mas com
ideais ricos e sátira apurada, contemplando o fatídico horizonte dum povo
ambicioso e sofredor...
Socrates
voltou para se justificar na praça pública, muitos nem queriam que se justificase
depois do silencioso abandono, mas qual é o protogonista político estimado
no meio de tanta adversidade...
A semana foi decorando o cenário melancolico do triduo pascal, dias chuvosos desfilavam na montra da atmosfera...
Animados pela folga no trabalho e espiritualidade, uma piscadela solar empurrou-nos para longe da capital..., o tempo foi desenrolando a escuridão, avançamos decididos para o centro do território, passadas firmes para visitar a Nossa Senhora...
Subimos para Coimbra, atracámos junto ao Mondego, rendidos ao brilho da cidade ribeirinha, que
ainda aguçou mais o encanto na manhã da despedida...
Depois da nobre estadia voltámos ao Santuário para lavar a alma com a reconciliação divina, antes do frenético para-brisas nos abrir as
portas de Lisboa... Sábado permitiu que um tímido amanhecer doirado levasse o miudo a dar uns chutos na bola, antes do silêncio da tarde começar a abafar o céu...
Os sul
americanos tinham recuperado, os defesas Maxi e Melgarejo eram colegas
paralelos dos argentinos Salvio e Gaitan, a torre Luisão jogava ao lado do
Garay, a dupla mortífera Enzo e Matic nas trincheiras e na frente de ataque o Rodrigo
apoiava o Lima...
O jogo começou
sem muita pressa, a posse de bola acostumada, o Matic com braços de polvo, a
defender e a atacar, o Enzo, um exímio guerreiro que sabe destruir e gizar
ataques corrosivos...
Num desses
slalons, pela esquerda foi o Melgarerjo que, aos 12 minutos, no centro da área,
remata colocado para o primeiro grito de alegria...
Foi na baliza mais distante que, 4 minutos passados, vimos o Matic a cabecear certeiro para o fundo das redes,
na sequência dum canto..
Ainda antes do
intervalo logramos atingir o terceiro, desta feita o corredor da fama do lado
direito para a concretização do Lima, à boca da baliza...
Depois do
descanso, o Salvio já não regressou, foi para o seu lugar o Ola John...
O 4° golo não
demorou a aparecer, numa boa jogada envolvente, Lima, da meia lua, com o pé
esquerdo, remata em arco para um golo artístico...
O Benfica
relaxou em demasia e permitiu que o Rio Ave alcance o golo, num lance de
insistência, um desvio traiçoeiro, um minuto depois...
À passagem do
quarto de hora eis a primeira expulsão do Rio Ave. Curiosamente são os
visitantes que se unem e querem dar mais nas vistas, mas sofrem outro revés,
num lance que o Maxi vem para o contra-ataque, leva outro jogador à expulsão.
A faltar um
quarto de hora para o final, com o publico empolgado, a fazer a onda, a claque
a cantar a plenos pulmoes musicas de incentivo, Jesus lança o Cardozo para o
lugar do Gaitan, e logo a seguir aparece o hat-trick do Lima...
O John passa
para a direita, o Rodrigo descai sobre a esquerda, mas a exibição não merece a
coroa do êxito, mesmo que Jesus o tenha mantido em campo, para ter mais
oportunidades; e foi o Enzo, depois duma excelente jogada de Ola John, com nota artística, ali mesmo por debaixo dos meus olhos, que apareceu o
6°golo da partida, em recarga ao remate ao poste...
Ainda faltavam
8 minutos para o final, ainda entrou o mágico Aimar, a 4 do final, para render
o aplaudido Lima, o publico bem pediu mais um, espaço e artistas haviam
suficientes para o ter conseguido, mas o Rio Ave, apesar da dura derrota, foi
um digno vencido e não permitiu mais nenhum festejo...
O Melgarejo
ainda viu segundo amarelo e ordem de
expulsão, o arbitro foi demasiado severo na analise e aplicação da disciplina, mas o que
fica para a historia é uma goleada das antigas...
Todos ficaram
satisfeitos, a noite ia alta, a esperança começava a inundar as trevas,
corremos da chuva até ao carro, e regressamos felizes com a certeza que uma
nova Pascoa estava para acontecer...
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